
Nosso cérebro em situações extremas
O termo estresse geralmente está
associado a um estado patológico. No entanto, se refere a uma reação do ser
humano diante de situações ameaçadoras ou de excessiva demanda.
Na verdade, a biologia do
estresse não é simplesmente um sistema de emergência. Está mais para um
processo contínuo: o corpo e o cérebro se adaptam às experiências diárias,
estressantes ou não.
A base do que as pessoas fazem,
sentem e pensam está no cérebro. Ele percebe e reconhece o ambiente, influencia
e responde a ele. É capaz de integrar passado e presente e, o que é
fundamental, antecipar o futuro incerto.
O cérebro é o órgão central de
percepção e resposta fisiológica, emocional-psicológica e comportamental aos
fatores de estresse. É quem determina o que é ameaçador e potencialmente
estressante. E as respostas fisiológicas e comportamentais que podem se adaptar
ou causar danos.
São distintas as regiões
cerebrais que respondem ao estresse crônico e agudo, passando por uma remodelação
estrutural.
Uma equipe de cientistas da
Universidade Yale, nos EUA, revelou que a atividade cerebral flexível em uma
área específica do cérebro pode predizer a capacidade de recuperação diante de
situações estressantes ou de risco.
Na psicologia, isso é conhecido
como resiliência. Definido de forma mais global, é a capacidade de indivíduos,
grupos e comunidades de enfrentar e se adaptar às adversidades.
O córtex pré-frontal ventromedial
parece ser a área do cérebro responsável por predizer a capacidade de
recuperação de situações de estresse.
A mediação do estresse em
situações extremas
Situações extremas englobam contextos
como a violência em todas as suas manifestações, a desigualdade, a miséria, a
exclusão, os maus-tratos, o abuso infantil ou o terrorismo.
A resposta ao estresse em
circunstâncias como essas ocorre como uma tentativa do organismo de restaurar o
equilíbrio em contextos de exigência. Também para se adaptar a mudanças nas
condições biológicas, psicológicas e/ou sociais.
Essa resposta pode ser modulada
por meio de um conjunto de variáveis cognitivas, sociais e pessoais. Do ponto
de vista adaptativo, o estresse permite a mobilização imediata das reservas de
energia do organismo.
Além disso, possui um valor
adaptativo elevado, ao gerar mudanças para facilitar o enfrentamento de uma
ameaça. No entanto, também pode facilitar comportamentos desadaptativos diante
dessas situações.
Resiliência como fator-chave
Como algumas pessoas fazem para
se adaptar e superar situações extremas e traumas pessoais? Como mencionamos
anteriormente, isso depende da capacidade que temos de nos recuperar de
situações extremas.
Embora a resiliência seja uma
qualidade inata, também é considerada um processo dinâmico. Portanto, pode ser
desenvolvida como uma capacidade de adaptação a diferentes ambientes adversos
sem gerar um nível de estresse negativo.
O conceito evoluiu desde a década
de 1960. Seu estudo se concentrou tanto em fatores individuais, quanto
familiares, comunitários e culturais. Assim, os pesquisadores do século 21
entendem a resiliência como um processo comunitário e cultural que responde a
três modelos: compensatório, de proteção e de desafio.
Há muitos exemplos conhecidos de
processos resilientes. É o caso de Viktor Frankl, pai da psicologia humanística
e da logoterapia, que sobreviveu três anos em campos de concentração nazistas.
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