16 abr

Como nosso cérebro lida com situações extremas?

Nosso cérebro em situações extremas

O termo estresse geralmente está associado a um estado patológico. No entanto, se refere a uma reação do ser humano diante de situações ameaçadoras ou de excessiva demanda.

Na verdade, a biologia do estresse não é simplesmente um sistema de emergência. Está mais para um processo contínuo: o corpo e o cérebro se adaptam às experiências diárias, estressantes ou não.

A base do que as pessoas fazem, sentem e pensam está no cérebro. Ele percebe e reconhece o ambiente, influencia e responde a ele. É capaz de integrar passado e presente e, o que é fundamental, antecipar o futuro incerto.

O cérebro é o órgão central de percepção e resposta fisiológica, emocional-psicológica e comportamental aos fatores de estresse. É quem determina o que é ameaçador e potencialmente estressante. E as respostas fisiológicas e comportamentais que podem se adaptar ou causar danos.

São distintas as regiões cerebrais que respondem ao estresse crônico e agudo, passando por uma remodelação estrutural.

Uma equipe de cientistas da Universidade Yale, nos EUA, revelou que a atividade cerebral flexível em uma área específica do cérebro pode predizer a capacidade de recuperação diante de situações estressantes ou de risco.

Na psicologia, isso é conhecido como resiliência. Definido de forma mais global, é a capacidade de indivíduos, grupos e comunidades de enfrentar e se adaptar às adversidades.

O córtex pré-frontal ventromedial parece ser a área do cérebro responsável por predizer a capacidade de recuperação de situações de estresse.

A mediação do estresse em situações extremas

Situações extremas englobam contextos como a violência em todas as suas manifestações, a desigualdade, a miséria, a exclusão, os maus-tratos, o abuso infantil ou o terrorismo.

A resposta ao estresse em circunstâncias como essas ocorre como uma tentativa do organismo de restaurar o equilíbrio em contextos de exigência. Também para se adaptar a mudanças nas condições biológicas, psicológicas e/ou sociais.

Essa resposta pode ser modulada por meio de um conjunto de variáveis cognitivas, sociais e pessoais. Do ponto de vista adaptativo, o estresse permite a mobilização imediata das reservas de energia do organismo.

Além disso, possui um valor adaptativo elevado, ao gerar mudanças para facilitar o enfrentamento de uma ameaça. No entanto, também pode facilitar comportamentos desadaptativos diante dessas situações.

Resiliência como fator-chave

Como algumas pessoas fazem para se adaptar e superar situações extremas e traumas pessoais? Como mencionamos anteriormente, isso depende da capacidade que temos de nos recuperar de situações extremas.

Embora a resiliência seja uma qualidade inata, também é considerada um processo dinâmico. Portanto, pode ser desenvolvida como uma capacidade de adaptação a diferentes ambientes adversos sem gerar um nível de estresse negativo.

O conceito evoluiu desde a década de 1960. Seu estudo se concentrou tanto em fatores individuais, quanto familiares, comunitários e culturais. Assim, os pesquisadores do século 21 entendem a resiliência como um processo comunitário e cultural que responde a três modelos: compensatório, de proteção e de desafio.

Há muitos exemplos conhecidos de processos resilientes. É o caso de Viktor Frankl, pai da psicologia humanística e da logoterapia, que sobreviveu três anos em campos de concentração nazistas.