O judaísmo, uma das mais antigas tradições religiosas do mundo, é marcado por um calendário festivo rico em celebrações que conectam os judeus às suas raízes históricas, religiosas e culturais. As festas judaicas não são apenas momentos de celebração, mas também de reflexão, aprendizagem e renovação de valores. Cada uma dessas festas possui um significado profundo que remete a eventos históricos, conceitos teológicos e tradições transmitidos ao longo de gerações. As festas mais conhecidas do calendário judaico incluem Rosh Hashaná , Yom Kipur , Sukot , Pessach , Shavuot e Chanucá , cada uma com seus próprios rituais e simbolismos.
Rosh Hashaná: O Ano Novo Judaico
Rosh Hashaná , que significa “cabeça do ano”, é o Ano Novo judaico , comemorado no início do mês de Tishrei, no calendário hebraico. Essa festa marca o início do ano civil e é um tempo de introspecção, julgamento divino e renovação espiritual. Os judeus acreditam que, neste período, Deus avalia as ações de cada pessoa durante o ano que passou, decidindo seu destino para o ano seguinte.
Entre os trajes de Rosh Hashaná estão o toque do shofar (um chifre de carneiro), que simboliza o chamado à reflexão e ao arrependimento, e o consumo de alimentos simbólicos, como maçãs mergulhadas em mel, representando o desejo por um ano doce e próspero.
Yom Kipur: O Dia do Perdão
Yom Kipur , ou Dia do Perdão , ocorre 10 dias após Rosh Hashaná e é considerado o dia mais sagrado do calendário judaico. Durante o Yom Kipur, os judeus observaram um jejum de 25 horas, abdicando de comida e bebida, além de se absterem de atividades como trabalhar e usar eletrônicos. Esse dia é dedicado ao arrependimento e à expiação dos pecados cometidos no ano anterior.
As orações de Yom Kipur são intensas, com serviços que duram o dia inteiro, sendo o clímax a oração de Neilah , quando as portas dos céus são consideradas fechadas e os julgamentos divinos finalizados. Este é um momento de profunda reconciliação espiritual, tanto com Deus quanto com os outros.
Sukot: A Festa das Cabanas
Sukot , também conhecida como Festa das Cabanas , é uma celebração de sete dias que acontece logo após Yom Kipur. Durante este período, os judeus construíram pequenas cabanas chamadas sucá , lembrando as moradias temporárias utilizadas pelo povo de Israel durante os 40 anos de peregrinação pelo deserto após a saída do Egito.
Além do aspecto histórico, Sukot é uma festa de gratidão pela colheita, sendo comumente decorada como sucás com frutas e outros símbolos da fartura. O uso do lulav (um ramo de palmeira) e do etrog (uma fruta cítrica) durante as orações também são elementos simbólicos importantes da festa.
Pessach: A Páscoa Judaica
Pessach , ou Páscoa judaica , é uma das festas mais importantes, celebrando a libertação dos judeus da escravidão no Egito, conforme descrito no livro do Êxodo. Durante oito dias, as famílias judaicas se abstiveram de consumir alimentos fermentados (chamados chametz ) e comeram o matzá , um pão sem fermento, relembrando a pressão dos israelitas em deixar o Egito.
O ponto central de Pessach é o Sêder , um jantar ritual que segue uma ordem específica de leituras, orações e canções, narrando a história da libertação e enfatizando temas de liberdade e redenção. O evento também está marcado por perguntas feitas pelas crianças, simbolizando a importância de transmitir a história às novas gerações.
Shavuot: A Festa das Primícias e da Torá
Shavuot , ou Festa das Primícias , ocorre 50 dias após Pessach e comemora a entrega da Torá no Monte Sinai, um dos momentos mais significativos na história do povo judeu. Shavuot também é uma celebração das primeiras colheitas, lembrando as ofertas agrícolas feitas no Templo de Jerusalém.
Durante Shavuot, é costume passar a noite em claro estudando a Torá, um ato chamado Tikun Leil Shavuot . O consumo de alimentos lácteos, como queijos e bolos, também é uma tradição, cujo simbolismo está relacionado à pureza e à doçura da Torá.
Chanucá: A Festa das Luzes
Chanucá , conhecida como Festa das Luzes , celebra a vitória dos Macabeus sobre o exército grego-sírio e a rededicação do Templo de Jerusalém. A história conta que, após a vitória, os judeus encontraram apenas uma pequena quantidade de óleo puro para queimar o menorá (candelabro sagrado), mas milagrosamente o óleo durou oito dias.
Durante Chanucá, que dura oito dias, os judeus acenderam uma vela a cada noite no chanukiá , um candelabro de nove braços, celebrando o milagre e a perseverança da fé. A festa é marcada também por músicas tradicionais, jogos com o pião de quatro lados e o consumo de alimentos fritos em óleo, como os latkes (panquecas de batata) e os sufganiyot (rosquinhas).